Um encontro com Beto Vasconcelos

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Advogado e fundador da Rede Liberdade conversou sobre os desafios da democracia no Brasil

O Confluentes recebeu Beto Vasconcelos para mais uma conversa da série Encontros com Lideranças, exclusiva a nossos parceiros e apoiadores. Advogado, professor e ex-Secretário Nacional de Justiça, Beto é fundador do projeto Rede Liberdade, rede de articulação formada por advogadas e advogados e representantes de entidades da sociedade civil para a atuação jurídica em casos de violação de direitos e liberdades individuais. Ele integra ainda o movimento “Cala a Boca Já Morreu”, criado pelo youtuber Felipe Neto para garantir a defesa gratuita de pessoas investigadas por críticas ao governo federal.

No encontro, realizado via Zoom no dia 5 de maio, foram debatidos os grandes desafios da democracia brasileira e os caminhos para a construção de um país mais justo. Na visão de Beto, a atuação em redes é essencial para a sociedade civil neste momento. “Não dá mais para trabalhar, em hipótese alguma, em outro modelo que não seja o de redes. Não dá para ser como no modelo anterior, de advocacy, em que havia uma disputa entre entidades. Temos que otimizar recursos financeiros e trabalhar a articulação”, disse, num processo que chamou de “estratégia baiacu”. “O baiacu é um peixe pequenininho, mas, quando ameaçado, enche e vira uma bola de ar. Então, para o adversário, parece muito maior do que de fato é. É isso o que temos que estabelecer como estratégia na sociedade civil, em todas as frentes – executivo, legislativo e judiciário”, completou.

Num bate-papo esclarecedor, em que respondeu a diversas perguntas dos confluentes, Beto traçou também um histórico para explicar o momento que vivemos hoje no país – que remonta à crise global de 2008, a partir da qual a política tradicional passou a ser, em todo o mundo, encarada com descrédito por parte da população. Os partidos estabelecidos, dos progressistas aos liberais, começaram a perder a força e abrir espaço a um modelo de “outsiders” na política.  No Brasil, esse processo culminou na eleição de Jair Bolsonaro. “Não podemos negar que existe possibilidade de uma ruptura em nossa democracia. Não estou afirmando que isso vai acontecer. Não quero ser encarado como pessimista, mas precisamos estar alertas”, afirmou.

Por isso, a importância do diálogo e da construção coletiva foi ressaltada em diversos pontos da conversa. “Não podemos mais admitir um ambiente sem diálogo no campo progressista. Não temos como pressupor que algo vai dar certo sem que isso seja estabelecido”, disse, reforçando que dialogar não pressupõe um recuo em nossos valores e princípios. “Você pode alterar e ajustar seus posicionamentos, mas isso não significa ultrapassar uma linha de valores e princípios”, finalizou.

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