Um novo modelo filantrópico com propósito de conectar pessoas interessadas em mudar a sociedade e organizações que apoiam e realizam transformações no Brasil. Esse é o objetivo do Confluentes, iniciativa do Instituto Betty e Jacob Lafer lançada em novembro.
Inês Mindlin Lafer, diretora do Instituto e idealizadora da proposta, explica que a ideia do projeto surgiu a partir da observação dos temas nos quais o Instituto atua, como justiça criminal e gestão e inovação de políticas públicas, onde há predomínio de recursos de instituições internacionais. “O Confluentes nasce de uma reflexão sobre quem financiaria esse setor caso houvesse a saída de fundações internacionais e também para ajudar pessoas interessadas em discutir política, sociedade e democracia, mas que não sabem como começar”, afirma.
Levando tais fatores em consideração, a iniciativa se apresenta como uma ponte: trazer novos doadores pessoas físicas para o campo, apresentar o trabalho de organizações responsáveis e suas causas e possibilitar que as próprias instituições possam ter acesso a um novo público doador.
“O Confluentes fala de doação de recursos e ao mesmo tempo de conexão. Queremos oferecer conhecimento, relações e experiência para o doador e o programa pode ser esse espaço de confluência de interesses, onde a pessoa doa porque é importante, mas também porque isso contribui para seu desenvolvimento pessoal e profissional”, reforça Inês.
A experiência dos cofinanciadores
Para tirar o Confluentes do papel, Inês conta que buscou instituições que desempenham trabalhos similares ao desenvolvido pelo Instituto Betty e Jacob Lafer, possibilitando a curadoria de causas e iniciativas que de fato fazem sentido de acordo com a atuação desses grantmakers em um trabalho conjunto para o desenvolvimento da filantropia de causas estratégicas.
Instituto Ibirapitanga, Luminate, Oak Foundation e Open Society Foundation também assinam a iniciativa e ajudaram a escolher as cinco organizações que receberão os recursos doados pelas pessoas interessadas em tornarem-se confluentes. São elas: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Agência Pública, Papo Reto, Olabi e Vetor Brasil.
Cada organização recebe ou já recebeu recursos de pelo menos uma das cinco financiadoras, além de trabalhar com um ou mais dos temas: aprimoramento de políticas públicas, clima e meio ambiente, desigualdade social, equidade racial, mulheres, indígenas, quilombolas e povos tradicionais, LGBTQIA+, fortalecimento da democracia e participação social, justiça, segurança pública, entre outros.
Segundo a diretora, ter essa chancela das organizações financiadoras é um ponto relevante pois, dessa forma, é possível transferir a confiança das grantmakers para os novos doadores. “Um dos desafios de trazer novos atores que não institutos, fundações e empresas ou pessoas de altíssimo patrimônio é conseguir apresentar o que as organizações fazem, quais são confiáveis, quem faz bem feito ou não, se quiser atuar no mundo da equidade racial por onde é legal entrar, quem faz um trabalho bacana, qual impacto é possível ter. O que nós estamos oferecendo para os novos doadores é a nossa experiência e trajetória longa de seleção, monitoramento e avaliação de projetos.”
Os Confluentes
Cada faixa de apoio financeiro com seus respectivos benefícios recebeu o nome de um rio da bacia amazônica. O montante investido por cada pessoa que faz a adesão ao programa pelo site é revertido e dividido igualmente entre as organizações.
O plano Confluentes Rio Tapajós, por exemplo, equivale a um investimento de R$ 5 mil, que pode ser dividido em até doze vezes. Com esse valor, o doador tem direito a participar de três eventos temáticos ao longo do ano, visitar uma das organizações apoiadas, ter visita guiada a uma exposição, receber uma newsletter semestral, participar de um clube de leitura exclusivo, entre outros benefícios. Os planos seguintes – Confluentes Rio Juruá e Rio Madeira – contam com os benefícios da categoria anterior e pontos adicionais.
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