Dia Internacional da Mulher – Entrevista com Naiara Leite, do Instituto Odara

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O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é um marco fundamental para uma das causas sociais contemporâneas mais urgentes: o fortalecimento dos direitos das mulheres.

Conversamos sobre a data com Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, organização que, apoiada pelo Confluentes, está centrada no legado africano e voltada para a autonomia das mulheres negras. Este ano, uma das ações do Odara é a quinta edição do Março de Lutas, que tem como tema “Reparação no Brasil: o que as mulheres negras estão pensando?” e contará com programações que ocorrerão ao longo do mês em todas as regiões do país.

Para Naiara, o Dia Internacional da Mulher “precisa cada vez mais dialogar com a denúncia das opressões que atravessam o conjunto de mulheres”. Leia abaixo a entrevista completa!

 

Entrevista com Naiara Leite, do Instituto Odara

 

O que representa o Dia Internacional da Mulher para uma mulher negra da periferia?

O Dia Internacional da Mulher é uma data histórica que representa a luta das mulheres por direitos em o todo mundo. Para nós, mulheres negras, as ações ao redor do 8 de março precisam estar vinculadas a ideia de multiplicidade de vozes e de experiências de ser mulher. É uma data que precisa cada vez mais dialogar com a denúncia das opressões que atravessam o conjunto de mulheres. Para as mulheres negras, combater o impacto e as violências do patriarcado está diretamente associado à ideia de combate ao racismo. Não é possível, para nós, pensar uma luta dissociada da outra. Pensar o combate ao racismo patriarcal tem a ver com a forma como ele estrutura as relações de poder e de opressão. Compreendemos que as narrativas coletivas das mulheres negras rompem com a invisibilidade de outras opressões existentes e que precisam atravessar a luta das mulheres – e que não dizem respeito apenas à luta pela igualdade de gênero.

 

Quais são as mulheres que mais te inspiram?

Muitas são as mulheres que me inspiram. Começando pelas mulheres negras da minha família, que, mesmo sem escolaridade, acreditaram e sempre investiram na nossa educação: minha avó Mariquinha, minha avó Izaltina, minhas tias Noca e Miralva e minha mãe Maíza. No campo da militância, trago como grande referência da minha formação a Valdecir Nascimento, que tem inspirado jovens e mulheres negras a lutar por autonomia.

 

Qual o seu sonho para o futuro das mulheres no Brasil e no mundo?

Meu sonho é que possamos viver sem medo de morrer. Que as meninas, adolescentes e jovens tenham a possibilidade de ser o que quiserem. Que sejamos livres!

 

Quais são as ações e projetos do Odara hoje para ajudar na busca da igualdade de gênero?

Como uma organização de mulheres negras, o Instituto Odara tem atuado com diversos projetos que vão do fortalecimento de meninas negras, incluindo sua permanecer na escola e sua autoestima, até trabalhos com mulheres vítimas da violência doméstica e do Estado. Acreditamos que nossa incidência nos diferentes espaços, bem como nossa ação de formação e de mobilização, têm sido importantes para construção de um projeto de sociedade equânime.

Também, ao longo de todo mês de março, estamos realizando a quinta edição do Março de Lutas, uma agenda coletiva de incidência política, organizada pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) e a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, que o Odara constrói e coordena.

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