“Filantropia é ajuda para exercer direitos”, por Inês Mindlin Lafer

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Artigo publicado no jornal O Globo em 16/6/22                                                        

Os próximos meses prometem: uma eleição presidencial decisiva para o modelo de sociedade e de política que desejamos; disputas para a Câmara e o Senado, além de governos estaduais e assembleias legislativas; e o enfrentamento das sequelas deixadas pela pandemia. Em meio a tudo isso, será preciso ainda lidar com velhos e novos problemas em nossa tão complexa agenda de necessidades.

Diante de tantos desafios, destaco três temas fundamentais: a garantia da democracia, o combate ao racismo estrutural e a agenda climática e socioambiental. As três causas exigem a reflexão, a mobilização e o engajamento da sociedade civil, incluindo lideranças políticas e cívicas, empresariado e toda a população. São causas estratégicas porque dizem respeito à garantia de direitos conhecidos como difusos e coletivos, que afetam toda a sociedade — tendo impacto direto na raiz das desigualdades e nas ações para reduzi-las.

Em tempos conturbados, quando conceitos que dão sustentação ao Estado Democrático de Direito — igualdade, equidade, justiça, liberdade — são postos em xeque, a ação da sociedade civil se torna ainda mais determinante. Além de servir como protetora dos direitos conquistados, ela tem o papel de propor alternativas para superar as crises e de mobilizar a sociedade para impor uma retomada de rumo.

É graças a esse trabalho que temos hoje parte da sociedade mais consciente da agenda antirracista, da pluralidade de vozes e da garantia a grupos discriminados que sofrem violações sistemáticas. O mesmo acontece na área do meio ambiente: esse não é mais um tema restrito a ambientalistas.

Uma sociedade civil forte, autônoma e unida garante o controle social e participa da construção de melhores políticas públicas. No meio disso, está a filantropia e, em particular, a que identifica e apoia causas estratégicas, de modo a reduzir nossas desigualdades e construir um Brasil mais justo. Não se trata de uma simples frase de efeito. É uma necessidade de curto e de longo prazo.

Como indivíduo, você pode fazer a diferença. Cada cidadã, cada cidadão, junto à sociedade civil, pode colaborar nessa busca por equilíbrio a partir do engajamento cívico e da doação. Filantropia é dar comida a quem tem fome ou agasalho a quem tem frio — algo fundamental neste momento —, mas também apoiar causas e organizações que atuam na defesa dos direitos de todos.

A filantropia estratégica prioriza iniciativas de longo prazo, buscando transformações positivas. Ela luta pela manutenção da democracia, combate o racismo sistêmico, trabalha pela proteção ao meio ambiente, enfrenta as origens, causas e consequências das desigualdades. Olhando para os desafios do presente, ajuda a construir o futuro e a reconstruir o Brasil.

(Veja o artigo no site do jornal pelo link https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/filantropia-e-ajuda-para-exercer-direitos.html)

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