Conheça a nova organização apoiada pelo Confluentes
Desde 1992 propondo soluções que fortalecem o meio ambiente e a identidade, a cultura, a economia, a educação e a saúde dos povos indígenas, a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé será uma das três organizações apoiadas pelo Confluentes em 2022.
A ONG promove a harmonia entre o ser humano e o meio ambiente, atuando para um desenvolvimento justo e responsável através do aprimoramento da gestão das terras indígenas e a elaboração de estudos, pesquisas e outras atividades em prol da proteção ambiental.
Entre diversos projetos, a Kanindé realiza o Conectando Terras Indígenas, que contribui para a conservação de 2.694.827 hectares de floresta e para o fortalecimento de cinco associações indígenas e uma associação extrativista, que atuam no desenvolvimento sustentável de seus territórios. Outra ação de destaque é o fortalecimento da proteção dos territórios indígenas por meio do uso de tecnologia e apoio institucional, que, em parceria com a WWF, colabora para a redução do número de invasões e reverte a tendência de aumento no desmatamento ilegal em terras indígenas no estado.
A Kanindé foi fundada por Ivaneide Bandeira Cardozo, também conhecida como Neidinha Suruí, que segue hoje à frente da organização. “Cresci no seringal até a idade de 12 anos, lá minha mãe me ensinou a ler em revistas Grande Hotel, Sétimo Céu, Capricho e livros de bolso de bangue-bangue, onde as histórias mostravam sempre os indígenas sendo mortos e expulsos por invasores de suas terras. A partir dessas leituras decidi que, se um dia pudesse ir aonde morava o povo da cidade, lutaria para defender os direitos dos povos indígenas”, contou ao Ecoa, do UOL.
Neidinha é formada em História, mestre em Geografia e doutoranda também em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). “Escolhi estudar História porque queria mudar o jeito como ela é contada. Como sempre estive perto dos povos da floresta, via que o que estava nos livros não era real, não trazia o sofrimento, a voz das pessoas, sobretudo dos indígenas. Depois, fui trabalhar na Funai, mas denunciei um caso de corrupção e fui exonerada. Foi então que resolvi criar a Kanindé”, disse em entrevista ao Conexão Planeta.
Este ano, Neidinha participa do documentário O território, no qual entra em cena para ajudar a narrar a história do povo Uru-Eu-Wau-Wau em defesa de suas terras. O filme venceu em duas categorias no Sundance Festival, nos Estados Unidos, a principal premiação internacional dedicada ao cinema independente: Prêmio do Público e Prêmio Especial do Júri para Arte Documental.
Junto de Neidinha está sua filha, Txai Suruí, coordenadora da Kanindé. Uma das fundadoras do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, ela foi a única brasileira a discursar na COP26, a Conferência da ONU pelo Clima, em 2021. Txai também acaba de estrear como colunista da Folha de S. Paulo.
“Os povos indígenas representam 6% da população mundial e sustentam 80% das florestas”, disse Txai em entrevista à Piauí dias depois do seu discurso. “A Amazônia é essencial para o equilíbrio climático e nós estamos lutando com nossas vidas para mantê-la de pé.”
O tema Meio ambiente/ Clima/ Amazônia foi um dos escolhidos para a definição das organizações apoiadas em 2022 levando em consideração os interesses dos confluentes (cujas doações são repassadas integralmente às organizações apoiadas), as causas estratégicas que fazem parte da missão do Confluentes e o alinhamento à urgência do debate público.
Neidinha, Txai e a equipe da Kanindé vão receber nosso apoio durante este ano para alavancar seus projetos e ampliar o impacto de suas atividades, se mantendo próximas dos confluentes para compartilhar aprendizagens e conhecimentos sobre a temática ambiental e a causa indígena.
Para saber mais detalhes sobre o nosso trabalho e fazer parte do Confluentes, visite Seja Confluente.
Visite também o site da Kanindé, em www.kaninde.org.br, e acompanhe as novidades da organização no Instagram: www.instagram.com/kanindebrazil.